Thursday, October 26, 2006

A Queda do Império: O Sector dos Vimes

Fazer de conta…

‘’Artesanato chinês invade 'berço' do vime regional

Artigos em vime feitos na China já começam a ser vendidos nas lojas de artesanato como recordações da Madeira.

Feitos também em vime, os artigos importados misturam-se nas prateleiras com os tradicionais e passam despercebidos ao cliente menos atento. As miniaturas de garrafas de Vinho Madeira colocadas estrategicamente no seu interior, uma imagem ou apenas a inscrição 'Madeira', funcionam como um disfarce que ajuda a aumentar os lucros dos comerciantes. Pequenas cestas, barcos e carros em miniatura, de tudo um pouco podemos encontrar actualmente em lojas de artesanato. A defesa do produto regional já nada significa. Foi substituída pelo lucro fácil.

Poucos acreditam no futuro

Outrora, o vime era o motor que alimentava a maior indústria e principal empregadora de centenas de famílias da Camacha.

A produção da matéria-prima envolvia centenas, senão milhares de agricultores um pouco por toda a ilha que, muito a custo, rentabilizavam os terrenos menos produtivos junto aos cursos de água para aí cultivarem o vime. Houve mesmo épocas em que os vimieiros eram a principal fonte de sustento de inúmeras famílias madeirenses.

Mas, se muitos ainda se recordam do passado, poucos são já aqueles que ainda acreditam no futuro desta indústria. Hoje, a realidade nada tem a ver com o passado. "Não existem encomendas, não há nada. Isto está cada vez pior. Já não há solução", diz um dos poucos empresários.

Actualmente, explica-nos, "estou a fazer algum trabalho com o resto da matéria-prima que tenho armazenada, mas quando acabar a matéria-prima acaba tudo"."Não podemos competir com ninguém. Ninguém nos dá apoio. Falar, falam, mas nunca recebemos apoio de ninguém..

Desânimo é também o sentimento que nos transmitem as palavras de Lurdes Fernandes, artesã de vimes há mais de quarenta anos. Actualmente, "isto [o sector dos vimes] é mais ou menos como construir um castelo em cima de areia e que aos poucos vai resvalando. Não existe segurança nenhuma".
DN

Temos assistido ao encerramento de fábricas de têxteis no norte do país devido à forte concorrência do prdutores chineses. É impossível competir com China para o mesmos produtos da mesma gama, eles produzem mais e a baixo custo. As empresas que investiram em novos produtos, integrando novas tecnologias, a crise passou ao lado. Sem inovação, a crise é certa.

Existiram apoios públicos para o sector dos vimes, afectamos verbas dos orçamentos regionais para subsidiar a actividade. Mas, fomos incapazes de utilizar estas verbas de forma de a rentabilizar, ou seja, de criar ''bom investimento'', apostar na inovação, ou em alternativa realizar programas de requalificação dos operários. Em contraste, o sector do bordado goza de maior folga, existem criadores de moda que integram a matéria-prima regional. É possível a associação entre criadores, designers que promovessem a produção de novos produtos utilizando a matéria-prima e mão-de-obra.

Como hábito, o papel do Governo Regional caracteriza-se pela ausência, pouco ou nada faz para inverter esta situação.

1 Comments:

Blogger CHIC-HANDSOME said...

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7:15 AM  

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